o trabalho de doula
“Eu digo que, enquanto fisioterapeuta obstétrica, eu também sou doula. A grande diferença é que a doula, no sentido restrito da palavra, não precisa, obrigatoriamente, ser profissional de saúde. É necessário que ela tenha o curso de formação de doula, que tenha experiência e disponibilidade afetiva para acompanhar esta mulher durante o caminho de seu trabalho de parto e parto. São profissionais dedicadas ao acolhimento à mulher, batalhando também para que ela seja respeitada no momento do parto. Eu, como profissional de saúde, acompanho a mulher durante a gestação, o trabalho de parto e parto, sendo que os meus recursos estão dentro da visão da fisioterapia, que é a abordagem cinético-funcional. O acolhimento à esta mulher é oferecido pelo fisioterapeuta através do conhecimento do próprio corpo e assim estimulando o encorajamento.
A fisioterapia estuda o movimento do corpo e assim o utiliza como uma forma de tratamento. O meu trabalho com a mulher durante o trabalho de parto está focado em movimentos bem específicos, a partir do posicionamento do bebê, atuando com a pelve e musculaturas acessorias, para que ele possa encaixar da melhor maneira e para que a mulher possa ter de fato uma diminuição de dor. Podemos dizer que o profissional é um facilitador durante este processo.
Todo mundo que trabalha com o parto, trabalha com os métodos não invasivos - ou seja, não farmacológicos - para o alivio da dor. A fisioterapia também os utiliza, sendo que nesse caso, a partir do conhecimento da fisiologia e da biomecânica, avaliação cinético-funcional e os recursos fisioterápicos. Cabe ao fisioterapeuta a escolha dos recursos que serão utilizados. Com o olhar da biomecânica eu consigo desvendar muitas vezes o porquê aquele trabalho de parto não está em progressão satisfatória, ou porque está parado, o bebê está muito alto ou com alguma dificuldade de posicionamento cefálico.
Com alguns pequenos movimentos pélvicos específicos, conseguimos centralizar melhor a cabecinha do bebê ou promover algum conforto na pelve da paciente. O que também favorece este processo, é a forma como eu trabalho com esse corpo durante os meses em acompanhamento, já conheço as posturas defensivas que aquela mulher utiliza quando sente desconforto. Às vezes sentimos desconfortos na coluna e usamos algumas posturas que aliviam a dor mas que não são favoráveis ao parto. O fato de trabalhar com a paciente há alguns meses, favorece a minha atuação e minha análise para esse momento. Com isso, há tempo suficiente para estabelecer uma relação de respeito e confiança.”
Dominique Klaczko - Fisioterapia Obstétrica
Fotos: Camila Neves Fotografia
Agradecimento especial à Camila Prado, por gentilmente ceder os registros lindos do nascimento do João Marcelo