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Fisioterapia obstétrica e pélvica

O trabalho da fisioterapia obstétrica vai desde a gestação, engloba o trabalho de parto, parto, pós-parto imediato e tardio. Aqui o objetivo é enxergar a mulher grávida para além de sua musculatura, ligamentos, ossos, articulações, tendões. É compreendê-la como possuidora de um corpo físico que comporta também uma parte subjetiva e emocional. O corpo na gravidez manifesta uma fase de transformação e de transição. O corpo da grávida é o território das experiências sensoriais, afetivas, eróticas, sexuais da história de cada mulher, assim, a organização corporal desta mulher é representante desta subjetivação (BIO, 2015)

A fisioterapia obstétrica vai atuar, em primeiro lugar, de forma preventiva, trabalhando movimentos corporais em benefício da diminuição das algias (dor), nas alterações e adaptações músculo-esqueléticas do corpo grávido. A intenção é que a mulher possa durante a sua gestação levantar, sentar, agachar, pegar objetos no chão, enfim, manter suas atividades da vida diária com qualidade nesse momento em que o ventre cresce, pesa e seu centro de gravidade muda. Portanto, o corpo deve ser trabalhado com o objetivo de flexibilidade, alongamento, tônus e buscando um novo eixo de equilíbrio, tentando redimensionar este corpo que muda a cada dia para que assim a gestante tenha conforto e segurança para viver a sua vida durante a gravidez de maneira normal e de prazerosa.

A partir de uma avaliação fisioterápica da gestante levando em conta estrutura e função, atividade e participação - CIF/OMS- elaboramos um programa de movimentos individualizado e especificos para cada necessidade corporal. Esse programa é progressivo de acordo com a idade gestacional e compassado com a respiração. Movimentos realizados ao longo das semanas de gestação e que, com a proximidade do parto, ganham foco para esse momento, de acordo com o tipo de experiência de parto que a mulher deseja ter.

A fisioterapia pélvica, no caso da gestante, visa trabalhar a musculatura do assoalho pélvico para a prevenção e fortalecimento da região, independente da via de parto. A sobrecarga imposta, o peso corporal mais o peso do útero gravídico, aumentam a pressão do assoalho pélvico comprometendo a função perineal no decorrer da gestação. Assim, podemos prevenir futuras perdas miccionais – fato que ao contrário do que muitos pensam está relacionado com o peso abdominal sobre a musculatura do assoalho pélvico – e garantir maior tônus do períneo durante o trabalho de parto e parto, favorecendo a diminuição do risco de laceração perineal grave. O trabalho engloba, além dos movimentos corporais/exercícios, a prática de avaliação perineal, massagem perineal, a gameterapia pélvica, uso do Epi-no (em determinados casos) para prevenção e fortalecimento do assoalho pélvico.

Gameterapia é um técnica indicada na intervenção da fisioterapia integrando a terapêutica da cinesioterapia e reabilitação funcional de uma forma lúdica, onde a adesão do paciente ao tratamento é maior, tornando o processo de fortalecimento, controle e coordenação muscular mais eficaz e divertido.


Acompanhamento durante parto

e pós parto 

“Durante o PARTO acompanhar é ir junto, assistência é proteção, amparo, auxílio, assim são gestos e ações em relação ao parto. Incentivar a mulher no processo do trabalho de parto descobrindo no corpo o que pode experimentar, ousar e o que não pode, respeitando seus limites (...)” (BIO, 2015).

O parto é um evento muito importante na vida sexual da mulher e merece todo respeito e cuidado para que ela e seu bebê tenham a melhor experiência de parto e nascimento possível. Já sabemos que a palavra mais importante da cena de parto é proteção, pois se a mulher se sentir segura, as chances do trabalho de parto evoluir de maneira natural e fisiológica é muito maior. Para que o trabalho de parto aconteça de uma maneira mais tranquila, com menos dor e de forma natural é preciso que os níveis de adrenalina estejam baixos para que o corpo possa produzir a quantidade de ocitocina necessária, que é hormônio que faz as contrações uterinas no trabalho de parto. Isso só acontecerá se houver o apagamento do neocortex, parte do cérebro responsável pela razão e controle das emoções.

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Como profissional de saúde, acompanho a mulher durante a gestação, o trabalho de parto e parto (e também no pós-parto), sendo que os meus recursos físicos estão dentro da visão da fisioterapia, que é a abordagem cinético-funcional, e os recursos emocionais que disponho para auxiliar a parturiente são a partir da minha formação em terapia reichiana e na abordagem da terapia sistêmico construtivista.

A fisioterapia estuda o movimento do corpo e, assim, o utiliza como uma forma de tratamento. O trabalho que desenvolvo durante o trabalho de parto está focado em movimentos bem específicos, a partir do posicionamento do bebê atuando com a pelve e musculaturas acessorias, quando necessário, para que ele possa encaixar da melhor maneira e para que a mulher possa ter de fato uma diminuição de desconforto a partir de   técnicas não invasivas para o alivio da dor, do conhecimento da fisiologia, da biomecânica, da avaliação cinético-funcional e dos diversos recursos fisioterápicos.

O que também favorece este processo, é o fato de termos desenvolvido um trabalho ao longo das semanas com a gestante, assim sabemos quais as posturas de defesa e como é a escuta da mulher ao seu corpo, o que favorece a minha atuação e análise para o momento do parto. Além de ser um tempo necessário para estabelecer vínculo de respeito, confiança e afeto com a mulher e, assim, poder dar suporte emocional para ela e seu companheiro(a) durante o nascimento, respeitando seus desejos e atuando em conjunto com a equipe médica. O vínculo entre a mulher e a sua equipe médica favorece a atuação do sistema límbico da parturiente, pois ela se sentir segura, terá a possibilidade de se entregar as sensações do trabalho de parto e, dessa forma, mergulhará no sistema seu límbico, que é a parte do cérebro que diz respeito das emoções e comportamentos.   

ACOMPANHAMENTO DURANTE O PÓS-PARTO

Este é um momento de fragilidade para a mulher, pois além de ter um corpo em processo de transformação morfológica e fisiológica diária para o retorno aos níveis basais pré-gestacionais, existe a adaptação a nova rotina e ao novo re-conhecer esse filho, que antes só conhecíamos através de seus movimentos e da nossa idealização. Esta parte do acompanhamento é feita no domicílio da mulher até 30 dias após o parto e depois damos sequência no consultório. Trabalhando com uma equipe que vai ao domicílio podemos dar assessoria à puérpera no que diz respeito a avaliação dos músculos do assoalho pélvico, dor perineal, facilitar o trânsito intestinal, prevenir ou reduzir edemas, minimizar os efeitos da distensão da musculatura abdominal, fadiga, avaliação e tratamento de diástase de reto abdominal. Além de trabalhar questões como sono do bebê, de adaptação a rotina do dia, cuidados com o filho mais velho, massagem de estimulação motora no bebê, questões que surjam quanto a amamentação. tais como postura, pega adequada, fissuras e rachaduras, ingurgitamento das mamas, relactação, etc e, também, apoio emocional para a mulher.


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Microfisioterapia

Em construção.