violencia obstétrica parte 1

Em parceria com a doutoranda em Antropologia, Stephania Klujsza, preparamos uma série de textos com informações a respeito da violência que as mulheres podem vivenciar durante o parto. Algumas informações que você precisa saber:

- Em 2011, a Fundação Perseu Abramo divulgou que 1 (uma) em cada 4 (quatro) mulheres sofre violência no parto.

- Até 2014, a ONU não considerava a Violência Obstétrica como uma forma de violência contra a mulher.

- A violência obstétrica deve ser compreendida como uma violência de gênero e violação dos Direitos Humanos.

- No Brasil, ainda não temos uma definição pela lei que dê conta da Violência Obstétrica.

- Segundo a legislação da Argentina e Venezuela, a violência obstétrica “se caracteriza pela apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais de saúde, através do tratamento desumanizado, abuso da medicalização e patologização dos processos naturais, causando a perda da autonomia e capacidade das mulheres de decidir livremente sobre seus corpos e sexualidade, impactando negativamente na qualidade de vida das mulheres”.

- O que significa dizer que existem mulheres que passam por experiências que podem ser traumáticas em decorrência de uma prática médica que não vê a mulher como capaz de parir, que não entende o nascimento como um evento fisiológico e que, talvez por isso, acredite que é preciso sempre intervir no corpo da mulher.

- A apropriação do corpo pelo outro acontece quando negamos o direto à mulher de fazer escolhas durante o trabalho de parto e parto, quando não damos a possibilidade dela se posicionar a respeito do que ela gostaria ou o que não gostaria de vivenciar, quando não nos interessa quais são os seus limites e medos.

- Quando o corpo da mulher não pertence mais a ela mesma, e está sujeito a um atendimento obstétrico que não é capaz de se questionar sobre qual a será a qualidade e o impacto daquela experiência para a vida da mulher, nós perdemos a nossa autonomia e poder de decisão. Perdemos um direito.

- A violência obstétrica traz prejuízos e riscos para a vida da mulher.

- É preciso compreender que o parto não é por natureza um evento violento, como muitas pessoas acham. É um processo intenso, mas que não precisa ser vinculado ao sofrimento, pois a violência está na forma como essa mulher foi assistida.

- Depois do nascimento de um filho, as mulheres costumam lembrar frequentemente de como foram aqueles momentos, qual é o tipo de memória que uma mulher que vivenciou a violência no parto terá?